quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Cássio Cunha Lima

Cássio Cunha Lima

Após mais de um ano de batalhas judiciais para assumir cadeira no Senado, o ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB) será empossado senador no próximo dia 7 de novembro. O tucano foi barrado pela Lei da Ficha Limpa devido à condenação - que cassou seu mandato como governador.

Nesta entrevista exclusiva, Cássio defendeu a Lei da Ficha Limpa que, segundo ele, é “um avanço na legislação brasileira”, mas que teria uma “série de inconstitucionalidades”. “O espírito da lei é bom, o problema é que foi feita de forma açodada. O Congresso quis dar uma resposta rápida à pressão da opinião pública, mas a pressa é inimiga da perfeição”, disse.

O ex-governador prometeu, ainda, utilizar as redes sociais para prestar contas do sem mandato. “Vou divulgar todas as despesas de gabinete e referentes ao meu mandato por meio do Twitter, do Facebook. Quero que essas informações circulem nas redes sociais, com as quais pretendo intensificar as relações”, disse o tucano, acrescentando que no Twitter, atualmente, possui 50 mil seguidores.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista com senador Cássio Cunha Lima.
A ENTREVISTA

- O senhor é amigo do ex-presidente Lula. No Senado, atuará como governo ou oposição?

- Sou oposição. Mas defendo uma oposição de resultados, que tenha diálogo com o governo para que nossas propostas e bandeiras não fiquem apenas no campo das ideias, mas se tornem reais. Por exemplo, na votação do salário mínimo, já que não tínhamos número para aprovar uma proposta diferente, deveríamos ter negociado com o governo. Em contrapartida, votaríamos matérias que são prioridade e bandeiras da oposição. Não adianta querer fazer oposição igual o PT fazia. O PT era franco-atirador, foi crescendo, mas não tinha responsabilidades de governos de estado. Esse não é nosso caso. Nem o nosso perfil.

- E sua relação com o ex-presidente Lula?

- É preciso separar fraternidade de questões políticas. Tenho apreço por Lula. Mas, amigos, amigos, política à parte.

- O senhor é a favor da Lei da Ficha Limpa?

- Sim, a Lei da Ficha Limpa é um avanço na legislação brasileira. O espírito da lei é bom, o problema é que foi feita de forma açodada. O Congresso quis dar uma resposta rápida à pressão da opinião pública, mas a pressa é inimiga da perfeição. A lei tem uma série de inconstitucionalidades. A retroatividade, por exemplo, é algo que a Justiça tem de avaliar. E o Congresso precisa assumir suas responsabilidades, porque tem deixado espaços abertos na legislação para o Supremo decidir porque não tem coragem de enfrentar certos temas.

- Qual sua avaliação sobre o mandato de Wilson Santiago, que assumiu em seu lugar no Senado?
- Não enxergo nada de concreto ou de positivo que ele tenha feito no período em que assumiu o meu mandato.

- Agora que vai tomar posse, qual será sua primeira ação na Casa?
- Eu quero ter a prudência de verificar primeiro o que está tramitando. Mas sei que o Orçamento da União vai monopolizar esse debate agora no final do ano. Então, vou ouvir o governador da Paraíba (Ricardo Coutinho), para fixarmos as prioridades do Estado. Sintonizando ao que a sociedade deseja, pretendo também investir na transparência.

- Na transparência como?
- Não só em relação aos projetos e propostas, mas também quanto ao cotidiano do gabinete. Vou divulgar todas as despesas de gabinete e referentes ao meu mandato por meio do twitter, do facebook. Quero que essas informações circulem nas redes sociais, com as quais pretendo intensificar as relações. No twitter, hoje, tenho 50 mil seguidores.

- E quais serão as prioridades de seu mandato?

- Uma ação mais duradoura vai ser voltada para a sustentabilidade. Sou amigo do Marcos Palmeira (ator de televisão), então quero estudar a produção de alimentos orgânicos e a sustentabilidade para incorporar esse pensamento na legislação. Acho que nós perdemos uma grande oportunidade, por exemplo, de realizarmos projetos sustentáveis para a Copa do Mundo de 2014.

- Qual sua avaliação sobre o governo Dilma Rousseff?

- A Dilma tem um grande desafio que é dar um basta no loteamento do governo. Cinco ministros caíram por graves denúncias de corrupção nos últimos dez meses, isso não é normal. O governo Lula teve seus méritos, assim como Fernando Henrique Cardoso. Mas a sociedade não vai aceitar mais este antro de malfeitos. Até agora, a Dilma tem agido e tirado os ministros, mas precisa mudar esse esquema de barganha política. Os partidos continuam indicando os sucessores nos ministérios. Parece que o governo passou a escritura dos ministérios para determinados partidos, e ali ninguém entra.

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