Barbeiro de 12 governadores, Tião completa 80 anos hoje
Publicada em: 8/1/2013 às 8:53hs.
Na Paraíba, poucas pessoas tiveram o privilégio
de gozar da intimidade de 12 governadores, dentre os quais dois
ministros (José Américo de Almeida e Ernani Sátiro). Mas Sebastião
Henrique da Silva, que completa 80 anos hoje, vivenciou de perto essa
intimidade com o poder.
Ouviu confidências e vivenciou situações que poucos políticos
tiveram a oportunidade de participar. Isto porque Tião Barbeiro, como é
mais conhecido, cortou o cabelo dos ex-governadores Pedro Gondim, José
Américo, Ruy Carneiro, João Agripino, Ernani Sátiro, Ivan Bichara,
Dorgival Terceiro Neto, Clóvis Bezerra, Wilson Braga, Tarcísio Burity,
José Maranhão e Roberto Paulino.
Tião também fez a barba do presidente Castelo Branco, em 1964. No
dia que Castelo Branco esteve em João Pessoa, Tião Barbeiro foi
comunicado que faria a barba do presidente. “Naquele dia, não me
deixaram ir para casa e eu tive que dormir no Palácio da Redenção, por
questões de segurança”, lembra Tião Barbeiro.
No dia seguinte, ele foi levado à casa do empresário Adrião
Pires, na Avenida Epitácio Pessoa (perto do Clube Cabo Branco), onde
estava hospedado o presidente da República.
Na época, João Pessoa não tinha hotel para hospedar um
presidente. E as autoridades ilustres que visitavam a cidade ficavam
hospedadas na casa de Adrião Pires, então marido da empresária Creusa
Pires, ex-vereadora de João Pessoa, já falecida.
Nomeação
Tião é natural de Patos. Foi nomeado barbeiro oficial do Governo
por Pedro Gondim. A sorte de Tião chegou no dia que ele cortou o cabelo
de Pedro Gondim, no Paraíba Palace Hotel, no Centro da Capital. Após o
término do corte, ele pediu ao governador para conhecer o Palácio da
Redenção. Queria voltar a Patos e contar que entrou no Palácio do
Governo.
O governador mandou um auxiliar anotar o nome de Tião e foi
embora. Tião foi passar o final se semana em Patos e retornou numa
terça-feira para atender na sua barbearia. Ao chegar ao local de
trabalho, foi procurado por um emissário do governador, dizendo que ele
deveria comparecer ao Palácio. “Cheguei ao Palácio e um assessor do
governador mandou que eu assinasse um documento. Era o termo de posse no
cargo de barbeiro do Palácio”, lembrou Tião.
Indagado ontem sobre qual foi o melhor governador para ele, Tião
respondeu: “Para mim, o melhor governador foi Pedro Gondim, que me
empregou no Governo. Depois, o melhor foi João Agripino, que comprou uma
casa e praticamente me deu, porque a prestação era bem baratinha”,
disse.
Tião Barbeiro lembra que José Américo de Almeida ficava
incomunicável quando estava cortando o cabelo. Não recebia ninguém. Se
chegasse ministro, prefeito, deputado, senador e ele estivesse cortando o
cabelo, mandava esperar. Mas abria uma exceção: recebia o jornalista
Gonzaga Rodrigues, com quem ficava conversando.
Tião lembra que só não trabalhou como barbeiro no governo de
Ronaldo Cunha Lima. Na época, ele encontrou Ronaldo numa Festa das Neves
e foi apresentado ao governador como barbeiro do Palácio. Ronaldo,
segundo ele, disse que levaria seu barbeiro preferido de Campina Grande
para João Pessoa.
“Não vou precisar dos seus serviços, porque tenho um barbeiro em
Campina Grande. Mas não vou mexer com você. Você fica como está”, disse
Ronaldo a Tião, que se aposentou no governo de Cássio Cunha Lima.
Fonte: Do Correio da PB
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