terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Barbeiro de 12 governadores, Tião completa 80 anos hoje

Publicada em: 8/1/2013 às 8:53hs.

 



Na Paraíba, poucas pessoas tiveram o privilégio de gozar da intimidade de 12 governadores, dentre os quais dois ministros (José Américo de Almeida e Ernani Sátiro). Mas Sebastião Henrique da Silva, que completa 80 anos hoje, vivenciou de perto essa intimidade com o poder.

Ouviu confidências e vivenciou situações que poucos políticos tiveram a oportunidade de participar. Isto porque Tião Barbeiro, como é mais conhecido, cortou o cabelo dos ex-governadores Pedro Gondim, José Américo, Ruy Carneiro, João Agripino, Ernani Sátiro, Ivan Bichara, Dorgival Terceiro Neto, Clóvis Bezerra, Wilson Braga, Tarcísio Burity, José Maranhão e Roberto Paulino.

Tião também fez a barba do presidente Castelo Branco, em 1964. No dia que Castelo Branco esteve em João Pessoa, Tião Barbeiro foi comunicado que faria a barba do presidente. “Naquele dia, não me deixaram ir para casa e eu tive que dormir no Palácio da Redenção, por questões de segurança”, lembra Tião Barbeiro.

No dia seguinte, ele foi levado à casa do empresário Adrião Pires, na Avenida Epitácio Pessoa (perto do Clube Cabo Branco), onde estava hospedado o presidente da República.

Na época, João Pessoa não tinha hotel para hospedar um presidente. E as autoridades ilustres que visitavam a cidade ficavam hospedadas na casa de Adrião Pires, então marido da empresária Creusa Pires, ex-vereadora de João Pessoa, já falecida.



Nomeação

Tião é natural de Patos. Foi nomeado barbeiro oficial do Governo por Pedro Gondim. A sorte de Tião chegou no dia que ele cortou o cabelo de Pedro Gondim, no Paraíba Palace Hotel, no Centro da Capital. Após o término do corte, ele pediu ao governador para conhecer o Palácio da Redenção. Queria voltar a Patos e contar que entrou no Palácio do Governo.

O governador mandou um auxiliar anotar o nome de Tião e foi embora. Tião foi passar o final se semana em Patos e retornou numa terça-feira para atender na sua barbearia. Ao chegar ao local de trabalho, foi procurado por um emissário do governador, dizendo que ele deveria comparecer ao Palácio. “Cheguei ao Palácio e um assessor do governador mandou que eu assinasse um documento. Era o termo de posse no cargo de barbeiro do Palácio”, lembrou Tião.

Indagado ontem sobre qual foi o melhor governador para ele, Tião respondeu: “Para mim, o melhor governador foi Pedro Gondim, que me empregou no Governo. Depois, o melhor foi João Agripino, que comprou uma casa e praticamente me deu, porque a prestação era bem baratinha”, disse.

Tião Barbeiro lembra que José Américo de Almeida ficava incomunicável quando estava cortando o cabelo. Não recebia ninguém. Se chegasse ministro, prefeito, deputado, senador e ele estivesse cortando o cabelo, mandava esperar. Mas abria uma exceção: recebia o jornalista Gonzaga Rodrigues, com quem ficava conversando.

Tião lembra que só não trabalhou como barbeiro no governo de Ronaldo Cunha Lima. Na época, ele encontrou Ronaldo numa Festa das Neves e foi apresentado ao governador como barbeiro do Palácio. Ronaldo, segundo ele, disse que levaria seu barbeiro preferido de Campina Grande para João Pessoa.

“Não vou precisar dos seus serviços, porque tenho um barbeiro em Campina Grande. Mas não vou mexer com você. Você fica como está”, disse Ronaldo a Tião, que se aposentou no governo de Cássio Cunha Lima.
 
Fonte: Do Correio da PB

Nenhum comentário:

Postar um comentário