ENTREVISTA
Bira abre intimidade do coletivo girassol e já fala em planos para eleições 2014
Vereador fez desabafo e deu sua versão dos fatos que culminaram no racha de RC e Agra
O vereador Bira aceitou o convite do MaisPB e se dispôs
a prestar uma entrevista, a qual teve que tratar de assuntos dos mais
ácidos, que efervesceram (e ainda esquentam) os bastidores da política
paraibana.
De suas opiniões sobre ‘um nome’ que desejaria que fosse “banido” do
cenário político local, até seus planos para as próximas eleições, Bira
tocou em temas um tanto quanto delicados vividos nos últimos meses,
como o processo que o excluiu da lista de “prefeitáveis” do PSB - com a
primeira saída de Agra - e o contra sua candidatura a vereador. Sobre o
assunto, Bira desabafa, e fala qual das duas situações mais o feriu.
Ainda durante a entrevista, Bira traz à tona detalhes da construção do
“coletivo girassol”, além de sua função, como agia e em que momento se
desfez.
Entre outras perguntas, uma desafiou sua prudência e seu ‘instinto’ de
previsão dos destinos políticos do Estado: Quem será o próximo
governador?
Confira a entrevista
MAISPB - Qual político pessoense deveria ser banido da vida pública?
Bira - Eu acho que a politica é uma atividade que não
deve ser encarada pelo cunho profissional. A vocação tem que estar em
primeiro plano. Depois disso tem que ter um compromisso com a população.
Agora, a partir do momento que você tem a chance de mostrar, não só no
Legislativo, mas também no Executivo, o que pode fazer pela cidade e não
faz a contento, é questionável sua presença na vida pública. Eu
acompanhei todos os passos iniciais do governo do PSB à frente da
Prefeitura de João Pessoa e sei a dificuldade que foi. Nós assumimos uma
prefeitura quebrado no ponto de vista financeiro e moral também, sem o
menor respeito junto aos fornecedores e à sociedade civil organizada.
Também do ponto de vista legislativo, Cicero Lucena não apresentou
iniciativas que justificassem sua posição de senador da República. O
último resultado das urnas faz com que ele repense sua atuação. Faz com
que reavalie seus passos na politica, fazendo, inclusive, uma
autocritica de sua gestão na prefeitura, refletindo sobre todas as
investigações com relação a malversação do dinheiro público, e de
corrupção.
MAISPB - Em sua opinião, qual o motivo de não ter sido você o
escolhido para substituir Agra na disputa pela Prefeitura de João
Pessoa?
Bira - Creio que não somente a troca da candidatura, como outros
movimentos que foram percebidos com relação ao Governo Municipal; com
relação à relação do Governo do Estado com a Prefeitura, deixavam bem
clara qual era a intenção não só do governador, como também de seu grupo
político: que a secretária Estelizabel Bezerra ascendesse como
candidata. Eu me senti honrado à época pela lembrança, porque não
fizemos nenhuma tentativa de lobe ou de articulação politica para que eu
ascendesse naquele momento. Tudo aconteceu de forma natural. Agora, meu
nome não foi escolhido exatamente pelo mesmo motivo que o de Agra não
foi. Porque havia uma forte tendência interna, que não levava em
consideração algumas questões ábvias do ponto de vista eleitoral; como
da própria aceitação; como da capacidade de aglutinar partidos, e essa
tendência interna fez com que nenhum fator determinante do ponto de
vista de vitória fosse avaliado naquele momento. Nem mesmo o potencial
de aceitação popular que o prefeito tinha na época foi avaliado.
MAISPB - O que doeu mais: ter sido preterido da disputa pela
prefeitura, ou o processo contra seu registro de candidatura a vereador?
Bira - As duas coisas. Porém doeu mais ver um partido que, do ponto de
vista da discursão democrática, nós defendíamos uma ampla análise de
conjuntura, antes que tomasse qualquer posicionamento. Antes que o
partido fechasse qualquer aliança estratégica, nós sempre pautávamos a
discussão ampla, não somente entre os diretórios, mas principalmente com
a militância. Obviamente nesse processo não houve uma maturação
interna; não houve o aprofundamento da discussão; não houve sequer
maturidade política suficiente do partido para perceber quem era que
aglutinava mais partidos e, evidentemente, se aglutinasse mais partidos,
iria com maior musculatura para a disputa. Evidente que essa troca de
candidatura, a partir da carta do prefeito Agra, foi o passo inicial
para que o partido vivesse todo esse processo de desestruturação
interna; de racha; de rompimentos e de perdas politicas significativas,
como foi a própria eleição majoritária; como foi também a eleição da
proporcional em João Pessoa, quando nós diminuímos a nossa representação
na Câmara com relação à eleição anterior, inclusive com o mais votado e
o terceiro mais votado. Dessa vez elegemos somente três. Também o voto
de legenda, que foi mais de 15 mil em 2008, dessa vez não passou de
quatro. Depois disso houve um processo bastante violento contra meu
registro de candidatura. Sofremos com toda uma articulação do partido
para que se pudesse dar uma derrota politica ao vereador Bira.
MAISPB - Quando o 'coletivo girassol' acabou?
Bira - Antes mesmo da crise eu sempre costumava dizer que o coletivo
girassol - enquanto essência; enquanto metodologia - já não existia. Era
(o coletivo) uma estratégia interna que usávamos em torno do mandato do
então vereador e depois deputado Ricardo Coutinho, para que pudéssemos
aglutinar a militância. Dessa forma decidíamos coletivamente todos os
passos que seriam tomados em relação ao processo politico. Também era
uma estratégia de discussão interna com relação ao PT, já que o partido
se dividia em diversas tendências e correntes internas à época. O
coletivo foi a forma de nos aglutinarmos diante dessa situação. Depois,
já no PSB, essa discussão se dava mais em relação à instância
partidária; com relação ao diretório. Agora, como referência simbólica,
temos aí uma crise grande, que afetou não só o coletivo em si, mas o
partido como um todo, que foi essa crise recente quando o partido deixou
de ter uma harmonia administrativa histórica, em que a Paraíba e João
Pessoa, pelo menos nos últimos anos, não tinham visto, e teve a
oportunidade de ver. Mas, infelizmente, fatos políticos levaram a um
outro desdobramento.
MAISPB - Quem será o próximo governador da Paraíba?
Bira - É muito cedo para fazer uma avaliação nesse sentido, até porque é
o momento de reaglutinação das forças politicas no Estado. O processo
interno eleitoral em João Pessoa acaba tendo repercussões pra todo
Estado. Eu não arriscaria um palpite sobre essa questão. Há muita coisa
que ainda vai acontecer. Nós temos ainda muitos movimentos na política
paraibana que precisam ter um amadurecimento melhor. Seria precipitado
de qualquer pessoa ou agente politico responder essa pergunta.
MAISPB - Qual o grande objetivo político de Bira? Qual cargo deseja ocupar antes do final de sua carreira?
Bira - Como eu nunca pautei minha carreira politica em resultados, mas
pavimentando caminhos pelo caminho da militância, sempre estivemos
presentes nas mais diversas esferas da vida publica, não somente agora
com mandato, mas bem antes, com uma participação muito presente nos
movimentos estudantis e nos demais movimentos sociais. O mandato de
vereador é consequência dessa militância. Não é algo que foi pensado por
mim, individualmente, disputar uma cadeira na Câmara e ganhar a
eleição. Isso foi fruto de uma discussão coletiva, construída com
pessoas que pensaram conosco, traçando as estratégias; traçando nosso
caminho politico, e, acima de tudo, aprofundando toda a discussão
referente ao processo de conjuntura local. Com certeza os próximos
passos serão construídos da mesma forma. Nós temos a intenção de
disputar as próximas eleições proporcionais, e, no momento certo, vamos
tomar essa posição juntos sobre a disputa de 2014.
FONTE - MaisPB
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